30 agosto 2006
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Para ti, filho.
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Filho, um dia a mamã teve um sonho. Sonhava com um ser que seria a realização física de um amor imenso que une os papás. Sonhava com o teu rosto iluminando as nossas vidas. Sonhava com os domingos preenchidos com correrias e brincadeiras. Sonhava contigo a chamar-me "mamã". Sonhava com o teu cheiro e imaginava-te a sorrir para mim. Por não te ter, culpei o universo. Por não te ter, o meu rosto estava vincado pela mágoa. Por não te ter, fui discriminada, ignorada e mal-tratada. Por não te ter, acordava aos domingos a chorar, o papá afagava-me os cabelos e dizia que, um dia, teriamos o nosso filho. Eu acreditei. Acreditei que o amor que por ti sinto desde sempre, seria a arma para lutar contra a fatídica natureza. Acreditei que a minha estrelinha havia de brilhar com tamanha intensidade que ninguém duvidaria da minha felicidade. Por te ter, o meu coração mirrado pela dor não cabe no peito de tão cheio de alegria. Por te ter, sinto-me em sintonia com a vida e os outros. Por te ter, já não sonho. Os meus sonhos estão realizados.
A mamã Gabriela.
Amanhã, estarei longe do meu filho, apenas por algumas horas. Logo não me sai o Euromilhões!
Rabiscado por Gabriela as 3:35 PM
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